terça-feira, 19 de junho de 2012

Please One More Time


Era uma camisa rasgada, amarrotada e suja de café, unhas pretas de tinta e nas têmporas havia manchas azuis de caneta. Tinha uma pele branca que possibilitava a visão das veias, os olhos fundos pelo fato de não dormir a dias. Sonhos, sonhos, sonhos. Dormia mais durante os intervalos das refeições do que de noite. Ao lado da cama – o lugar mais habitado – tinha um criado mudo com uma caneca pelo meio de café frio, giz de cera colorido, canetas e um papel sujo com alguma coisa desconhecida, o que provavelmente poderia ser café também.
Alguém chama ao longe, mas é muito difícil descobrir o que se passa e quem fala com o som dos fones tão altos e não importa quem seja, não importa o estão falando é simples assim, não importa. Infelizmente é hora de acordar e fingir que está ouvindo, vendo e fingir que fala e que acordou, é mais um dia de fingir, atuar uma caminhada até a sala, protagonizar passo a passo para não trocar os pés. Finalmente trabalho executado com sucesso. Felizmente chegou a hora de voltar e ela a esperava ali, parada do jeito como foi deixada, deitasse na cama novamente.
E tem sido assim por dias e dias, é nessa vida de escrever trechos aqui, dormir trechos ali, comer algo e beber cafés frios e quando se tem sorte os quentes, é com dedos sujos de caneta, é com olhos fundos de insônia e têmporas a transpirar que se vive.


3 comentários:

  1. São palavras tão simples, mas com uma profundidade de alma... Tão verdadeiras, sinceras... Farei mil desenhos com essas palavras d'alma. LINDA! Parabéns. Tu escreve muito bem.

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  2. Gostei muito mesmo. haha triste, porém muito profundo. Adorei a escolha das palavras, muito honestas e marcantes, ficou muito bem escrito em si. Parabéns linda. :*

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